Mesmo morto, Karl Marx é monitorado por câmeras de segurança
Falecido em 1883, Karl Marx parece ainda não ter encontrado o tão esperado descanso em paz, isso porque o alemão, um dos autores da ideologia do socialismo, descansa sob vigilância 24 horas por dia. Enterrado no cemitério Highgate — o mais visitado de Londres, na Inglaterra —, seu túmulo foi depredado duas vezes, somente no ano passado, o que motivou a instalação de câmeras para monitoramento.
Foi em dezembro do ano passado que a fundação responsável pelo túmulo iniciou esse monitoramento com câmeras de vídeo instaladas em árvores próximas, de forma disfarçada, em uma tentativa para impedir que vândalos ataquem o famoso monumento.
No aspecto da vigilância, vale lembrar que o monitoramento por vídeo é uma prática bem disseminada por Londres. Além disso, alguns outros túmulos ilustres são monitorados 24 por dia também. É o caso de uma webcam que vigia o túmulo do artista plástico Andy Warhol, em Pittsburgh, nos Estados Unidos. Essas imagens podem ser, inclusive, acompanhadas online aqui.
Ainda perseguido?
Enquanto viveu em Londres, no século XIX, Marx chegou a relatar que era perseguido por espiões prussianos e até mesmo por informantes britânicos, que vigiavam a porta de sua casa, com “mais do que um olhar duvidoso”. Diante dos últimos fatos, parece que o autor dos livros O Manifesto Comunista e O Capital ainda não conseguiu escapar da vigilância.
Afinal, em janeiro de 2019, a placa de mármore que trazia o nome de Marx e de seus familiares foi quebrada, e 15 dias depois, a sua lápide foi pichada com palavras como “Doutrina de ÓDIO” e “Arquiteto do Genocídio”. Essa lápide profanada traz duas de suas citações mais conhecidas: “trabalhadores do mundo, uni-vos!” e “os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa, entretanto, é transformá-lo”.
De acordo com Ian Dungavell, diretor da Fundação Amigos do Cemitério de Highgate, “Marx é a atração principal daqui.” Fato que não é pouca coisa já que esse cemitério foi visitado por 100 mil pessoas no último ano. Entre os visitantes, muitos deixam velas e flores vermelhas, além de adesivos antifascistas no monumento de três metros de altura dedicados ao pensador.
“Marx é fonte de inspiração profunda para algumas pessoas, enquanto outras o enxergam como responsável por coisas terríveis”, explica Dungavell. “Mas ele está morto, ele descansa aqui e é lamentável que algumas pessoas desrespeitem os mortos a ponto de depredar seus túmulos”, completa um dos responsáveis pela conservação do cemitério.
Fonte → The New York Times