Pesquisadores da USP criam minifígado funcional em impressora 3D


Pesquisadores da USP criam minifígado funcional em impressora 3D

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) criaram um minifígado em impressora 3D utilizando amostras de sangue de três voluntários. O objeto é capaz de exercer as mesmas funções do órgão real, incluindo a produção de proteínas, a secreção e o armazenamento de substâncias, conforme descrito no artigo publicado na revista Biofabrication.

Para a criação do fígado, os cientistas do Centro de Pesquisa sobre o Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) combinaram diferentes técnicas de bioengenharia com bioimpressão 3D, permitindo que o tecido criado pela impressora mantivesse as funções hepáticas por mais tempo que o registrado em tentativas anteriores.

O segredo está no método de inclusão das células na biotinta, usada para formar o tecido durante a impressão, de acordo com Ernesto Goulart, um dos autores do estudo. Elas foram agrupadas mantendo a funcionalidade do órgão por maior tempo, evitando a perda progressiva do contato entre as células, um problema recorrente na bioimpressão de tecidos humanos.

A impressão do órgão demorou apenas alguns minutos, e após essa etapa ele passou por 18 dias de maturação. Todo o processo de criação do minifígado em 3D, desde a coleta do sangue até a geração do tecido funcional, durou cerca de 90 dias.

Alternativa ao transplante de órgãos

O procedimento de impressão de órgãos em 3D tem sido cada vez mais praticado em todo o mundo, podendo se tornar em breve uma alternativa ao transplante de órgãos, acabando com as longas esperas pela doação de órgãos.

Em entrevista à Agência FAPESP, a coordenadora do CEGH-CEL e coautora do artigo, Mayana Zatz, disse que ainda há um longo caminho até a produção de um órgão completo na impressora 3D, mas o caminho é muito promissor. Segundo a pesquisadora, em um futuro próximo será possível pegar a célula do próprio paciente e reprogramá-la em laboratório para a criação do órgão artificial, o que em teoria acabaria com a chance de rejeição.

Via Agência FAPESP