Software de código aberto é capaz de parar máquinas de desmatamento em áreas protegidas


 Software de código aberto é capaz de parar máquinas de desmatamento em áreas protegidas

A tecnologia, no que possui de melhor, pode promover verdadeiras revoluções – capazes de efetivamente melhorar e até mesmo salvar o planeta literalmente. É o caso do Código da Consciência, um software gratuito e de código aberto que pode reduzir ou mesmo deter o desmatamento em regiões como a Amazônia. Esse “escudo virtual” pode ser inserido em máquinas pesadas e diretamente informar que estão entrando em áreas protegidas ou desligar essas máquinas quando estiverem em área que não pode ser desmatada.

A informação sobre essas áreas vem de uma base de dados da própria ONU, que mapeia as regiões naturais protegidas em todo o planeta. O sistema é simples e pode ser baixado gratuitamente no site do projeto. “Uma empresa de maquinaria pesada pode inserir esse código nas suas máquinas e depois decidir, por exemplo, que se a máquina entrar numa área protegida será desligada a cada três minutos e [o motorista] receberá uma mensagem a dizer que tem que se afastar daquela área.”, diz Hugo Vieira, publicitário português ganhador de um Leão de Ouro em Cannes e diretor criativo da agência AKQA, morador do Brasil há 14 anos e uma das cabeças por trás do projeto.

A realidade atual na Amazônia mostra que a necessidade de iniciativas desse tipo é urgente – e por isso o apelo à utilização do código principalmente pelos fabricantes veio de quem é mais direta e imeditamente afetado pelo desmatamento. “O Brasil é o coração da Terra. Mas alguns têm pressa em desmatar, têm ganância por madeira e vão derrubando as árvores.”, diz o cacique Raoni Metuktire, líder do grupo indígena Caiapó em video pelo projeto. Os dados do INPE mostram que em julho de 2019 o desmatamento na região aumentou em 278%.

O convite para o uso do Código foi enviado a dez dos maiores fabricantes de maquinaria pesada do mundo e, se essa é uma solução a longo prazo – já que só poderia ser inserida em máquinas novas, ainda em produção – um chip foi também desenvolvido para ser inserido em máquinas antigas, já em uso. “Isto não é um projeto contra as empresas, elas não têm culpa que os humanos peguem nas suas máquinas e as usem para fins ilegais. As empresas podem controlar se querem fazer parte da solução.”, diz Hugo. A instalação é de baixíssimo custo, e poderia se tornar obrigatória por lei – infelizmente, porém, no atual governo federal, os interesses parecem ser exatamente contrários, e o desmatamento mais parece um objetivo político.

Via Hypeness